Manobras eleitoreiras
* Emanoel Reis
A
grande dúvida na fase preliminar da campanha eleitoral do ano que
vem em Macapá é sobre quem vai ser o candidato - ou candidata
- à prefeitura apoiado pelo governador Waldez Góes. Comenta-se
pelos bastidores da política amapaense que o deputado federal licenciado
e titular da SEINF, Gervásio Oliveira, não seria mais o
preferido de WG para um possível confronto eleitoral com o prefeito
João Henrique Pimentel, proclamado candidato à reeleição
pelo PT.
Despontam no cenário vários nomes. Mas os bem relacionados
com o Palácio Setentrião garantem que para evitar melindres
o governador prefere não comentar o assunto. Contudo o esforço
acabará tornando-se vão porque mesmo que queira WG não
conseguirá manter-se alheio às manobras eleitoreiras precocemente
engendradas no seu próprio quintal.
Nas pesquisas prematuras até agora realizadas, a preferência
pelo atual prefeito tem gravitado em torno de 40%, com ligeira tendência
para cima. A favor dessa tendência está a perspectiva de
um forte verão, parceiro desejável de obras numa cidade
recentemente marcada por chuvas abundantes e com graves problemas infra-
estruturais.
Por enquanto, as escaramuças políticas estão restritas
ao território dos partidos, mas, ainda não existe um nome,
ao menos no estágio atual da corrida ao poder municipal, que tenha
conseguido ombrear-se com João Henrique. Contra esse delineamento
otimista colocam-se os ataques que já começam a se intensificar
contra a administração e a pessoa do prefeito, cuja vulnerabilidade
ficou mais evidenciada após sua conturbada saída do PSB.
O maior adversário de João Henrique é o próprio
João Henrique. Em dois anos e meio Macapá entrou num processo
de contínua decadência, tornando-se uma cidade carente de
cuidados imediatos. Porém, ainda há tempo para João
reverter o quadro e catalisar a simpatia popular; só depende de
quanto dispõe em caixa para iniciar e concluir obras de grande
visibilidade em apenas 15 meses.
O prefeito sabe de que enfrentará adversários poderosos.
Gervásio Oliveira é o mais insinuante deles, em especial
porque está no comando da SEINF e pode efetivar uma presença
mais agressiva do governo do Estado em Macapá. Se for o candidato
do governador terá todo o calor da máquina estadual para
dobrar espinhas dorsais mais renitentes e romper barreiras aparentemente
intransponíveis.
A propaganda do governador já está em campo, procurando
penetrar até na seara administrativa da prefeitura (como fez ao
lançar o Fundo de Desenvolvimento Municipal e ao anunciar a construção
do novo aeroporto).
Com tudo isso, no entanto, Oliveira ainda é considerado um azarão.
Para mudar essa imagem, o secretário de Infra- estrutura precisaria
contar com um esquema capaz de minar a administração petista
de João Henrique. Primeiro sugerindo ao governo o suposto apoio
a um maior número possível de candidatos. Assim, seria mais
gente atirando contra o prefeito, obrigando-o a dispersar sua defesa e
impedindo-o de contar com uma retaguarda mais ampla.
Segundo estimular um pré-candidato com alto índice de rejeição
e que tenha uma retórica virulenta para abrir confronto direto
com João objetivando tirar votos do PT sem atraí-los para
si.
É um jogo de alto risco para o PDT, partido do governador. Em fase
de definição ideológica e doutrinária, Waldez
Góes busca ansiosamente ganhar robustez política no Estado
massificando o mote de campanha "Desenvolvimento com Justiça
Social". Todos os esforços de comunicação estão
concentrados nesse sentido.
Se sentar à mesa de pôquer para disputar a Prefeitura de
Macapá WG deve estar disposto a arriscar todas as fichas.
Nesse caso, sabe que precisa ter na manga um royal straight flush (cinco
cartas do mesmo naipe, em seqüência máxima). Afinal,
sua reeleição em 2007 depende do resultado das eleições
municipais de 2004.
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Jornalista e Teólogo - Contatos: 9976.4715 - 223.1813 -
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