Televisão
amapaense completa 30 anos
Rodrigo
Cunha*
No final dos anos 1960, Abdala Houat, Stephen Hoaut, Moisés Zagury,
Murilo Pinheiro, Remy Barros e o Padre Salvador Zona se reuniam na Paróquia
Nossa Senhora de Fátima para discutir a idéia de criar uma
estação de televisão no Amapá, com participação
de empresários e do governo territorial. Nessa época, os
amapaenses contavam com a programação das rádios
Educadora e Difusora, dos jornais esporádicos e sem periodicidade,
do Cine Macapá e das interferências recebidas de emissoras
de televisão da Venezuela, que testavam a paciência de quem
ficava em frente ao aparelho receptor.
Com as proximidades da Copa do Mundo de 1974, o governador da época,
Arthur Henning, compra transmissores de São Paulo e improvisa uma
estação de televisão em uma das salas da Rádio
Difusora de Macapá. Os primeiros profissionais de televisão
no Estado foram: o locutor Benedito Andrade, Carlos Pontes, Corrêa
Neto, Damião Jucá e Ruy Guarany. Os tapes com os jogos da
Copa vinham de Belém, com certo atraso. Após a Copa, a emissora
do Território passou a transmitir palestras e filmes educativos.
A política integralista da Amazônia durante o Regime Militar
ajudou na expansão da Rádio TV do Amazonas Ltda., uma emissora
fundada em Manaus, em 1969, que já havia inaugurado geradoras em
Rio Branco, Porto Velho e Boa Vista. Em Macapá, a Rede Amazônica
firma um acordo com o governador Henning e recebe os transmissores utilizados
para as exibições dos jogos da Copa de 1974. Nesse período,
a Rede Amazônica já estava participando de concorrência
pública do Ministério das Comunicações, iniciado
através do Edital 10/73. Em 10 de agosto de 1973, a Rede Amazônica,
do jornalista Phelippe Daou, pedira um estudo de viabilidade técnica
para instalação de uma estação de televisão,
pelo canal 4, com potência de 10kW.
Finalmente, em 25 de janeiro de 1975, é inaugurada a TV Amapá,
emissora da Rede Amazônica, com prédio fixo na Avenida Ataíde
Teive, 1282, no bairro do Trem. Hoje, seria nas proximidades do Shopping
Macapá. Entre os primeiros equipamentos estava uma câmera
AVC, logo substituída pelas Sony 1600 e 1800. O sinal ainda era
em preto-e-branco. O improviso dos primeiros profissionais era destacado
pela presença das câmeras fixas e dos slides, que auxiliavam
na produção dos telejornais e das peças publicitárias.
Espantoso era saber que a emissora teria sido montada em 15 dias.
Nos primeiros anos da TV Amapá, a emissora estava afiliada à
Rede Bandeirantes, permitindo uma maior participação da
programação local, com destaque para o primeiro telejornal
"Jornal do Amapá" e para os documentários produzidos
por Corrêa Neto e Hélio Pennafort, sobre cultura amapaense
e o cotidiano ribeirinho. O primeiro diretor da TV Amapá foi Antônio
Assmar. Destaque também para Damião Jucá, que assumira
funções de cinegrafista, operador, motorista, iluminados
e técnico, e a ascensão de Júlio Duarte, começando
na empresa como serviços gerais, cinegrafista e, depois, se tornando
diretor do programa "Documentos da Amazônia", transmitido
também pelo Amazon Sat, canal segmentado da Rede Amazônica.
Em 1981, a emissora é transferida para o local onde está
até hoje: Avenida Diógenes Silva, 2221, bairro Buritizal.
A inauguração contou com as bênçãos
do Bispo de Macapá, Dom José Maritano. Nesse período
também, a TV Amapá afilia-se a Rede Globo, ganhando qualidade
e perdendo espaço para a programação nacional, gerada
pela recém-chegada transmissão via-satélite.
Em pouco mais de uma década, o número de emissoras em Macapá
saltou de 7 para 11. Em 1994, Macapá era atendida pelas emissoras:
TV Amazônia (Band), TV Amapá (Globo), TV Equatorial (Manchete),
TV Marco Zero (SBT), TV Alvorada (Record), MTV Brasil e Amazon Sat. Atualmente,
existem: TV Cidade (CNT), TV Macapá (Band), TV Amapá (Globo),
Rede Mulher, TV Marco Zero (Record), TV Amazônia (SBT), TV Marabaixo
(Rede 21), TV Tucuju (Rede TV!), Amazon Sat, Rede Vida e Rede Nazaré.
Macapá ainda não conta com nenhuma emissora educativa.
Bibliografia
BAZE, Abrahim (org.). História Rede Amazônica. Manaus: Editora
Valer / Instituto Cultural Fundação Rede Amazônica,
2002.
PENNAFORT, Hélio. A Imprensa no Amapá. Macapá: Fundecap,
1994.
* Estudante de jornalismo
RODRIGO CUNHA
Santana (AP)
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"O jornalismo é o exercício diário da inteligência
e a prática cotidiana do caráter" (Cláudio Abramo)
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