Fogões
a lenha e carvão em boa hora!
A senhora Terezinha Gomes
Vieira e mais 50 donas de casa residentes em bairros periféricos
de Rio Branco, no Acre, estão trocando o gás de cozinha
pelo fogareiro a carvão poupando 30 por cento nas despesas mensais
com a preparação de alimentos. O jornal Página
20, que circula na capital acreana, publicou reportagem sobre o assunto
dizendo que elas estão fazendo “boicote” ao gás
que tem subido muito de preço. Mas, na verdade, elas estão
dando uma lição de economia sustentável.
Segundo a reportagem,
a idéia está se alastrando pelos bairros e a própria
dona Terezinha já fatura uns bons trocados fabricando os fogareiros
com o aproveitamento das latas de querozene cortadas ao meio, com uma
abertura do lado e o enchimento de barro. A engenhoca era tradição
nas cidades acreanas antes do advento do gás caro e perigoso;
e só perdia para o fogão à lenha, que passa o dia
aceso consumindo gravetos e rachas de madeira abundantes em toda a Amazônia.
No caso de dona Terezinha,
que consumia um botijão de gás por mês ao custo
de R$ 35,00 e passou a comprar 5 latas de carvão a R$ 2,00 a
unidade, a economia é de R$ 15,00 mensais. Outras famílias
que ainda não aderiram totalmente ao carvão, adotam um
sistema misto, ou seja, utilizam o gás apenas para fazer café
e alguma comidinha rápida deixando o restante para o fogareiro.
Desta forma consomem apenas um botijão de gás a cada seis
meses.
Os moradores mais antigos
sabem muito bem que os alimentos ficam mais saborosos quando processados
em fogões a carvão ou lenha. Quando o gás de botija
apareceu e dominou as cozinhas do Acre, nos anos cinqüenta, muita
gente xingou a tal modernidade porque o café, o arroz e o feijão
mudaram de gosto. A mudança de sabor já havia ocorrido
quando as panelas de barro ou de ferro foram substituídas pelas
de alumínio e pelas de pressão. Quem conhece maniçoba
sabe que o processo tradicional de cozimento - 6 a 7 dias num
fogão a lenha é mais garantido em termos de qualidade
do produto final.
Em boa hora, portanto,
os fogareiros a carvão e os fogões a lenha reaparecem
como alternativa para as donas de casa do Acre e quiçá
de outras cidades amazônicas, podendo estimular o surgimento de
pequenas indústrias desses “ecodomésticos”.
Se essas corajosas e econômicas mulheres quiserem levar a idéia
mais em frente, poderão optar por móveis rústicos
de madeira, toalhas de mesa feitas por costureiras conhecidas nos bairros,
cuias de coité e tantas coisas mais que a mãe floresta
pode oferecer com imensa vantagem para o orçamento doméstico.