Um programaço!!!
Maricota era uma árvore linda. Tinha uns 50 metros de altura,
uma beleza, madeira nobre de Angelim pedra. “Gostava tanto dela
que a batizei com o nome da minha vó”. Com essa historinha
que parece conto infantil, Dr. Paulo Nehme, proprietário da
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, localizada
em Santana (Vila Amazonas) desperta a atenção de adultos
e crianças para o drama do meio ambiente. “Maricota morreu,
foi derrubada por um nordestino que veio para o Amapá atraído
pela promessa de emprego da Zona de Livre Comércio”.
O que sobrou da “maricota” está na entrada da reserva,
ponto de partida desse passeio, que o Pavio foi conferir bem de perto.
A história da “maricota” é na verdade o
retrato da exploração irresponsável da floresta
Amazônica. Nesse caso, a intervenção do homem
se deu pela mais pura necessidade de sobrevivência. Família
de retirantes, muitos filhos e poucas oportunidades de emprego. Mas,
do outro lado da devastação e das queimadas na floresta
estão poderosos grupos econômicos, que vêem em
cada hectare de mata nativa a possibilidade de lucro fácil.
A situação é tão grave que o Brasil já
é o quarto país na emissão de gases que contribuem
para o aquecimento global.
A visita à Reserva é indicado para toda a família.
O proprietário é o médico pediatra e ambientalista,
Paulo Neme, que é por si só, uma lição
de vida. Filho de gente humilde venceu profissionalmente e tinha tudo
para ser mais um no meio da multidão a cuidar apenas dos seus.
Mas, ao contrário, resolveu dar um passo a frente e fazer a
diferença. “Sempre quis ter uma reserva particular. Embora
fosse um sonho antigo, não foi fácil conseguir essa
área. Tive sorte em adquiri-la da antiga ICOMI. Por pouco isso
tudo aqui não virou terra para olaria. Conseguimos preservá-la
a tempo”, comentou.
A Reserva tem 17 hectares de floreta e fica às margens do
Rio Amazonas. Uma maravilha! Na trilha de aproximadamente 3 km, guiada
de perto por Paulo Neme os visitantes recebem informações
preciosas sobre os problemas ambientais e a biodiversidade local.
A primeira parada é em frente a placa que dá nome a
trilha, que não por caso chama-se Maracá, homenagem
às civilizações antigas do Amapá, de rica
cultura e costumes, mas pouco conhecida pelo povos de hoje. Um dos
detalhes mais curiosos da civilização Maracá
são as urnas funerárias, cujo modelo em tamanho miniatura
é apresentado aos visitantes.
Muito mais que um passeio.
É uma rara oportunidade de contato com a natureza de forma
consciente. As crianças se divertem no caminho enquanto tentam
responder as charadas do guia. “Quem será capaz de encontrar
a casa da cutia aqui no meio do mato?”, provoca. A garotada
sai enlouquecida e não é que elas encontram: um tronco
de árvore oco, que parece jogado no chão por acaso é,
na verdade, a casa de um animal. Em seguida a explicação
de como e porque a cutia constrói sua própria morada
daquele jeito. “Isso sim é educação ambiental”,
dizia uma professora que acompanhava um grupo de crianças.
No caminho mais novidades. e explicações detalhadas
sobre o solo, a água e o ar. As pontes, estilo Indiana Jones
dão um toque de aventura. A localização da Reserva
dá oportunidade de mergulhar na várzea e seguir caminhando
rumo a floresta de terra firme. Uma rápida paradinha e é
possível lavar o rosto com a água corrente do Rio Amazonas
que invade os canais que cortam toda área. Mais a frente, para
euforia geral, muitos peixes e tartarugas enormes. Basta jogar ração
na água e eles começam a aparecer por todo lado.
E tem mais...!
Onça, macacos, cutia, gavião rei, lontra, quati, passarinhos,
gato de mato, coruja, araras e mais um monte de bicho, uns soltos,
outros devidamente cuidados em espaços adequados, limpos e
bem alimentados. São animais levados pelos órgãos
ambientais, geralmente com sérios problemas. Feridos e doentes
recebem tratamento adequado e vão ficando.
Manter uma Reserva Particular de Patrimônio Natural custa caro.
São necessários em média R$ 20 mil reais mensais
para alimentar a fazer a manutenção da área.
Faça a sua parte e ajude a manter esse patrimônio. Agende
uma visita!
Serviço: para agendar uma visita ligue para 3281-3849
O nome da Trilha é Maracá - visitação
e orientação Ambiental
Os valores das taxas ambientais são os seguintes:
Adulto: R$10,00
De 11 a 17 anos: R$ 5,00
Até 10 aos: R$2,50
Obs: matéria produzida para a 3º edição
da revista Pavio
Ana Girlene Oliveira
Jornalista
[email protected]