Criado o Fórum Latino Americano de REDD
A criação de um Fórum Latino-americano de REDD
foi um dos principais resultados do Workshop de Colaboração
Sul-Sul sobre Experiências Práticas na Aplicação
de Atividades REDD, realizado em Manaus entre os dias 10 e 13 de fevereiro.
No evento, que contou com a participação de representantes
de nove países da América Latina, foram identificados
os principais desafios para a formulação de estratégias
de REDD em cada uma das nações e apresentadas alternativas
e soluções.
Segundo Mariano Colini Cenamo, secretário executivo e coordenador
do Programa de Mudanças Climáticas do Instituto de Conservação
e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), uma das entidades
promotoras do evento, o Fórum Latino-americano de REDD permitirá
a participação de governos, organizações
não-governamentais, institutos de pesquisa, empresas e outros
atores nas discussões sobre o tema. Ainda conforme ele, os debates
do workshop serão fundamentais para que estes países definam
suas estratégias e posições nas negociações
dentro do âmbito da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC).
“Dentre os participantes presentes, muitos são negociadores
representantes de países-parte da UNFCCC. Os conceitos e propostas
discutidos no workshop foram incorporados de uma forma nivelada por
esses representantes”, acrescentou.
Cenamo destacou ainda que, apesar da recente queda do preço
das toneladas de carbono, que hoje estão na faixa de 8,5 euros,
há boa expectativa para a recuperação do mercado.
“A dinâmica dos créditos de carbono no mercado voluntário
é diferente do mercado regulatório. Os investidores que
hoje buscam créditos florestais tem interesses no longo prazo
. Hoje, os créditos de REDD tem preço muito baixo por
envolverem muitos riscos. Os investidores assumem este risco para vender
caro no futuro. Empresas e representantes de investidores que estavam
no evento disseram que mantém o interesse em buscar projetos
para compra de créditos de REDD”, acrescentou Cenamo.
Para Juan Carlos Jintiach, Codirector de La Alianza Amazônica
- Coica, o workshop foi uma oportunidade importante para identificar
a melhor forma de aprimorar os projetos de REDD. “Entre os principais
desafios está o de entender conceitos e visões sobre temas
pontuais como mercados, financiamentos e marcos legais”, disse.
Ele defendeu a união dos povos indígenas da região
amazônica na busca do reconhecimento internacional. “É
preciso que reconheçam o valor dos territórios indígenas
e que possuímos nossos valores e visões. É preciso
que compensem os povos indígenas pelo cuidado e manejo das nossas
florestas, que historicamente nos pertencem”, defendeu.
O coordenador do programa Sócio Bosque do Equador, Max Lascano,
defendeu iniciativas como o workshop para que os países possam
se preparar melhor para processo de negociação. “Assim
existe maior probabilidade de que uma futura negociação
seja mais positiva”, explicou. Durante o evento, os participantes
conheceram as ações já em desenvolvimento no Brasil
com os projetos aplicados nas reservas do Juma e Xingu, além
de experiências da Indonésia, Equador e Bolívia.
Para Virgílio Viana, diretor geral da Fundação
Amazonas Sustentável (FAS), o projeto Juma prevê a contenção
de aproximadamente 3,6 milhões de toneladas de CO2 - que
seriam geradas até 2016 a partir de grilagem de terras, extração
ilegal de madeira, abertura de pastagens e áreas de cultivo.
As reduções obtidas por meio dessa iniciativa serão
transformadas em créditos de carbono, que poderão ser
adquiridos por hóspedes dos hotéis Marriott para neutralizar
suas emissões durante a estadia em qualquer uma das unidades
da rede. “A principal diferença do projeto Juma é
a repartição de benefícios. Todos os recursos são
investidos diretamente nas comunidades, com orçamento aprovado
pelas próprias comunidades“, explicou Viana.
O Workshop de Colaboração Sul-Sul sobre Experiências
Práticas na Aplicação de Atividades REDD foi uma
promoção do Fórum de Preparação para
REDD (Forum on Readiness for REDD), em parceria com o Instituto de Conservação
e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), Fundação
Amazonas Sustentável (FAS), Woods Hole Research Center (WHRC),
Meridian Institute e International Conservation and Education Fund (Incef),
com apoio da Fundação Gordon and Betty Moore.
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