Mulheres Guerreiras.
Fatima Pelaes
O mais estimulante da comemoração do Dia Internacional
da Mulher, transcorrido no último sábado, é ver
cada vez mais consolidada o misto de profissional, mãe, esposa,
companheira e cidadã que a mulher vem conquistando através
de muito esforço e a necessária consciência de novas
responsabilidades. Vale lembrar que são vitórias cumulativas,
onde novos papéis vem se acrescentam aos tradicionais. E isso
requer uma preparação sólida e gradativa para um
desempenho a contento. O importante é notar que as mulheres vêm,
paulatinamente, ocupando espaços políticos estratégicos.
Aqui reside o segredo de tudo — a política é fundamental,
pois lida com o poder, de onde tudo emana. Afinal, a tão desejada
igualdade passa pela relação de poder, de oportunidades,
de equilíbrio das relações. É na política
onde se cria, de fato, as condições e regras que vão
dar o tom a uma relação de iguais.
Neste sentido, as mulheres do Amapá são pioneiras e mesmo
desbravadoras. É só lembrar sua bancada na Câmara
Federal, onde metade é composta por mulheres (fato único
em todo o País). O Legislativo de Macapá conta com a vereadora
Helena Guerra na presidência e a Assembléia Legislativa
tem uma presença feminina marcante com três representantes.
O Judiciário não fica atrás. Basta citar o trabalho
heróico e obstinado da juíza Sueli Pini e sua determinação
em praticar uma Justiça ágil e acessível até
mesmo aos ribeirinhos. Contamos com duas prefeitas no Estado —
em Serra do Navio e Laranjal do Jari — e um sem número
de mulheres que vão colocar seus nomes á prova das urnas
nas próximas eleições. É prova cabal que
nossas mulheres estão ativas e atentas, dispostas a disputar
pari passu as oportunidades disponíveis. A prática, aliás,
vem de uma tradição bem peculiar. Muitas famílias
do Amapá mandavam seus filhos fazer faculdade fora do Estado,
o que abria mais chances ou mesmo obrigava as mulheres daqui ocupar
os espaços que ficavam vagos.
Felizmente, o Amapá ostenta uma extensa lista de mulheres guerreiras,
muitas à frente de seu próprio tempo. Sem muitas vezes
se darem conta, iam abrindo caminho e derrubando obstáculos na
conquista de seus intentos. Quem não se lembra da doutora Euclélia
Américo, uma ginecologista-obstetra que ajudou o parto de milhares
de mães macapaenses? Ou de Mãe Luzia, uma parteira tão
querida pela população que deu nome ao Hospital da Mulher?
Quem não se rende ao trabalho dedicado à terceira-idade
realizado há anos pela doutora Janilde frente à Casa Marcolina
Pelaes? Qual o amapaense que nunca ouviu falar dos quitutes da “Tia
Nenê?” São mulheres que, com talento nato e dentro
de suas possibilidades, souberam ganhar projeção sem nunca
perder sua feminilidade nem abdicar de suas obrigações
com a família. São a estas mulheres e milhares de outras
anônimas, que além do trabalho, são responsáveis
por alimentar a convivência com o companheiro e pela educação
e a transmissão de valores à toda a prole, que O Dia Internacional
da Mulher é merecidamente dedicado. São a estas trabalhadoras
incansáveis, mães dedicadas e cúmplices inseparáveis
de seus companheiros a quem quero expressar meu orgulho em poder apoiar
e ajudar na emancipação e conquista de novos espaços.
São também as que sofrem sob a cortina escura da violência
doméstica a quem ofereço minha solidariedade e empenho
em popularizar leis como a Maria da Penha, um verdadeiro escudo contra
a covardia da força. A todas as mulheres do meu Estado, um forte
abraço e a certeza de poder contar com minha luta e solidariedade.
Fátima Pelaes, socióloga e deputada federal pelo PMDB/AP
[email protected]