Manifesto de Repúdio
O Massacre dos Botos no Amapá
Por Marcelo Szpilman*
Em mais um flagrante desrespeito à Natureza, vemos a ganância
humana sobrepujando a dignidade. Mais uma vez constatamos que quando
há falta de educação e de bom-senso não
se pode ter consciência ambiental. A crueldade e a covardia perpetradas
contra os animais, algo inadmissível nos tempos atuais, continuam
a ocorrer ao redor do mundo e no Brasil.
Em julho, o Fantástico, da Rede Globo, mostrou cenas chocantes
de pescadores no litoral do Amapá capturando 83 botos, mortos
após terem seus olhos e dentes arrancados. Se a motivação
para a captura dos botos fosse o consumo da carne, ainda que altamente
discutível e desnecessário, faria algum sentido, mas não
foi por isso. Foi pela tradição e pela crença de
que os olhos e os dentes dos botos e golfinhos são "amuletos"
com poderes especiais.
É a antiga e imbecil crendice popular motivando a morte de animais
para a obtenção de partes de seu corpo para produzir produtos
cujos benefícios apregoados não têm qualquer fundamento
antropológico, social ou científico válido e comprovado.
Gananciosamente, mata-se o animal para obter uma parte valiosa e muito
rentável de seu corpo, descartando-se todo o resto.
São aberrações predatórias e criminosas
que demonstram o total desprezo pela vida de outro ser vivo. É
a mesma crendice que gera a caça para obtenção
das barbatanas dos tubarões, pênis de tigres, patas de
gorilas, olhos de primatas e chifres de rinocerontes. Supostos efeitos
curadores ou afrodisíacos geram perseguições e
práticas pertubadoras insustentáveis que tendem a levar
essas espécies à extinção.
Recebi essa semana um e-mail denunciando um documentário que
mostrava um facão em formato de roda cortando os pés de
cavalos vivos. Não é muito diferente das raposas, na Rússia,
e das focas, no Canadá, escorchadas ainda vivas ou dos tubarões
que têm suas nadadeiras extirpadas e são devolvidos vivos
ao mar. Independente da questão moral-econômica-ecológica,
as imagens sangrentas depõem contra qualquer argumento plausível
a favor da matança onde a crueldade é absolutamente desnecessária.
Como advertiu o filósofo inglês Edmund Burke (1729-1797):
“A única coisa necessária para que o mal triunfe
é que os bons homens nada façam”.
Não se cale diante das atrocidades contra os animais!
Proteste!
Dê seu apoio às causas ambientais e aos projetos ecológicos!
Instituto Ecológico Aqualung
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Site: http://www.institutoaqualung.com.br
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*Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com
Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE)
pela COPPE/UFRJ, é autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado
em 1991, de sua versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE
TO FISHES, editado em 1992, do livro SERES MARINHOS PERIGOSOS, editado
em 1998/99, do livro PEIXES MARINHOS DO BRASIL, editado em 2000/01,
do livro TUBARÕES NO BRASIL, editado em 2004, e de várias
matérias e artigos sobre a natureza, ecologia, evolução
e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas revistas
e jornais e no Informativo do Instituto. Atualmente, Marcelo Szpilman
é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor e Redator
do Informativo do citado Instituto, diretor do Projeto Tubarões
no Brasil (PROTUBA) e membro da Comissão Científica Nacional
(COCIEN) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos
Subaquáticos (CBPDS).