Iniciativa de conexão das economias sul-americanas
põe em risco a floresta amazônica
Novo estudo apresenta soluções para conciliar desenvolvimento
e necessidades de conservação
Bariloche, Argentina (1º de out. de 2007) - Um plano de
desenvolvimento sem precedentes para ligar as economias da América
do Sul através de novos projetos de transporte, energia e telecomunicações
poderia destruir grande parte da floresta tropical amazônica nas
próximas décadas, de acordo com um estudo realizado pelo
cientista Tim Killeen, da Conservação Internacional (CI).
Contudo, Killeen informa que este resultado desastroso poderá
ser evitado caso sejam tomadas algumas medidas para conciliar as expectativas
legítimas de desenvolvimento com a necessidade de conservar o
ecossistema amazônico, de relevância mundial.
Killeen produziu um relatório de 98 páginas, intitulado
“A Perfect Storm in the Amazon Wilderness: Development and Conservation
in the Context of the Initiative for the Integration of the Regional
Infrastructure of South America (IIRSA) [Uma Tempestade Perfeita na
Selva Amazônica: Desenvolvimento e Conservação no
Contexto da Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura
Regional Sul-americana (IIRSA)]”. O estudo traz abordagens pragmáticas
para a resolução do eterno paradoxo entre o desenvolvimento
econômico e a proteção ambiental.
O cientista, que trabalhou na região amazônica por 25
anos, apóia plenamente o plano da IIRSA, que compreende 12 nações
e busca a meta histórica de superação dos obstáculos
geográficos da selva amazônica para conectar as economias
isoladas da região. Os investimentos da IIRSA integrarão
malhas rodoviárias melhoradas, hidrovias, represas de hidrelétricas
e redes de telecomunicações por todo o continente -
especialmente nas regiões mais remotas e isoladas - para
permitir o aumento do comércio e a criação de uma
comunidade sul-americana de nações.
A análise de Killeen indica que os projetos de desenvolvimento
da IIRSA coincidirão com o crescimento das pressões sobre
o ecossistema amazônico e suas comunidades tradicionais. Dentre
estas pressões encontram-se a mudança climática,
a exploração madeireira, o desflorestamento para a agricultura
e a exploração mineral, bem como o iminente boom dos cultivos
para biocombustíveis, tais como a cana-de-açúcar.
“A falta de percepção do pleno impacto dos investimentos
da IIRSA, especialmente no contexto da mudança climática
e de mercados globais, poderá produzir uma tempestade perfeita
de destruição ambiental”, diz Killeen. “A
maior área de floresta tropical do planeta e os múltiplos
benefícios que ela proporciona estão em cheque.”
O estudo aponta três cenários possíveis para o
futuro da região amazônica, e alerta que os projetos de
infra-estrutura que forem desenvolvidos sem análises oportunas
e minuciosas dos impactos ambientais provocarão os piores cenários
- desmatamento generalizado e o eventual desaparecimento da floresta
amazônica dentro de três ou quatro décadas.
“Nossa esperança é a de que este documento estimule
a IIRSA a tornar-se uma iniciativa ainda mais importante e relevante,
uma iniciativa que incorpore a visão de uma Amazônia ecológica
e culturalmente intacta”, escreve Gustavo Fonseca, líder
da área de recursos naturais do Fundo Global do Meio Ambiente
(GEF - Global Environment Facility), no prefácio da publicação.
“A América do Sul tem um enorme incentivo econômico
para conservar os serviços dos ecossistemas proporcionados pela
Amazônia, juntamente com a consecução da real e
efetiva integração regional. Estas metas não são
mutuamente exclusivas.”
De acordo com Killeen, a destruição da Amazônia
em conseqüência dos atuais projetos planejados pela IIRSA
teria um impacto profundo e de longo alcance. A bacia do rio Amazonas
é a maior reserva mundial de água doce, sendo que a vasta
selva amazônica regula o clima continental, produzindo a precipitação
anual que irriga a multibilionária indústria agrícola
da bacia do rio da Prata até o sul. O corte e a queimada da floresta
amazônica poderão prejudicar seriamente esta indústria,
e também destruir os vastos ecossistemas que abrigam os povos
indígenas. Poderão também aniquilar as mais ricas
reservas planetárias de vida terrestre e aquática doce,
e poderá exacerbar o aquecimento global através da liberação
na atmosfera de enormes quantidades de carbono contidas na biomassa
da floresta tropical - estimadas em cerca de vinte vezes as emissões
mundiais totais de gases do efeito estufa.
Killeen argumenta que isso não é inevitável. Ele
observa que a floresta amazônica intacta poderá gerar bilhões
de dólares em créditos de carbono no sistema de mercado
que está sendo negociado em sucessão ao Protocolo de Kyoto.
Os cultivos para biocombustíveis, tais como a cana-de-açúcar,
poderão ser plantados nos 65 milhões de hectares de terras
já desflorestadas, ao invés de abater mais florestas para
novas plantações. Ele também defende outras soluções
ambientalmente amistosas, como por exemplo a piscicultura, que utilizaria
os abundantes recursos hídricos da Amazônia para criar
oportunidades econômicas aos pequenos produtores e gerar uma receita
de milhões de dólares.
“Uma iniciativa visionária como a IIRSA deveria ser visionária
em todas as suas dimensões, e deveria incorporar medidas visando
garantir que os recursos naturais renováveis da região
sejam conservados e que suas comunidades tradicionais sejam fortalecidas,”
escreveu Killeen.
X X X
Embargado até as 19 horas de 1º de outubro de 2007
O estudo na íntegra, fotos e vídeos da região
amazônica estão disponíveis mediante solicitação,
juntamente com depoimentos do autor Tim Killeen gravados em vídeo.
Contatos:
Tim Killeen, Pesquisador Sênior, + 1 703-341-2724 (em Bariloche,
no Hotel Panamericano - + 54 29 4442 5850 - durante o II Congresso Latino
Americano de Parques e Outras Áreas Protegidas), [email protected]
Isabela Santos, Coordenadora de Midia, (em Bariloche, no Hotel San
Remo - +54 29 4442 4628 durante o II Congresso Latino Americano de Parques
e Outras Áreas Protegidas), [email protected]
Susan Bruce, Diretora de Mídia Internacional, +703-341-2471,
(em Bariloche, no Hotel Panamericano - + 54 29 4442 5850 - durante o
II Congresso Latino Americano de Parques e Outras Áreas Protegidas),
[email protected]