Ki-moon não vai conhecer a verdadeira Santarém
12.11.07
Edilberto Sena, de Santarém, Pará
Nesta semana chega a Santarém o secretário geral da Organização
das Nações Unidas, ONU o senhor coreano chamado Ban Ki-moon.
Passará algumas horas apenas. Diz ele que quer ver e conhecer
a Amazônia. Vai ser quase impossível o homem conhecer o
mínimo dos mínimos, pretender conhecer a região
de Santarém, num passeio de 4 a 5 horas, como está programado,
dando um passeio de barco e visitando em minutos duas comunidades ribeirinhas.
Diz a informação que o secretário geral da ONU
anda muito preocupado com as mudanças climáticas e com
a destruição da floresta Amazônica, um dos pontos
chaves para o equilíbrio do ecossistema global. Se ele tem realmente
sincera preocupação ambiental então, nesta visita
à Santarém, deveria permanecer ao menos uns 5 dias, e
aí se poderia sugerir a ele, uma visita, sem aviso prévio
a alguns lugares.
Por exemplo, começar visitando o pátio do Ibama, indagar
por que tantas toras de madeiras estocadas ali; depois pegar um helicóptero,
acompanhado de um líder de assentamento fundiário e passar
nas glebas Nova Olinda e Pacoval e ver de perto as clareiras na floresta
derrubada, as serrarias instaladas dentro da floresta, dar uma pousada
e indagar de quem é a serraria e por que está dentro da
terra da união, retirando 500 e mais metros cúbicos de
madeira; depois, no mesmo helicóptero dar um sobrevôo no
planalto Santareno, incluindo uma esticada à Belterra para ver
o descampado onde antes era mata e até floresta, e perguntar
quem causou tal desastre.
Se ainda tivesse um tempinho, no mesmo helicóptero, dar uma esticada
até a gleba Serra Azul de Monte Alegre, perguntar quem manda
alí no controle das terras e das madeiras e por fim, esticar
a visita até o Parque Nacional da Amazônia, em Itaituba,
ver lá o que está mexido e bem perto dali, perguntar aos
moradores da comunidade Mangabal, por que auela área ainda não
é uma Reserva extrativista. As respostas certamente lhe dariam
uma idéia do que está ocorrendo por aqui.
Ao chegar de volta a Santarém, o Sr. Ban Ki-Moon perguntasse
por que a frente da cidade banhada por dois belos rios, está
tão suja e cheia de portos particulares impedindo a vista e o
trânsito das pessoas. E para concluir sua visita, no retorno ao
aeroporto, parasse o carro ali na Av. Fernando Guilhon e indagasse por
que o igarapé do Irurá tem as águas tão
sujas e a COSANPA tem seu bombeamento de água justo ali e, ao
final indagasse se a serra do índio está desmoronando
por um castigo de Deus, um possível vulcão, ou... pelas
mãos humanas.
O Sr. Ban Ki-Moon voltaria da Amazônia Santarena impressionado.
Imagine se ele ficasse mais uma semana e parasse para ver e dialogar
com moradores em outros municípios.
Bem que se poderia dar essa sugestão ao ilustre Secretário
da ONU, não acham?