Para meu querido novembro com amor
Meu Querido Novembro,
Sei que você anda chateado comigo por nunca ter feito um post
só pra você.
Eu sei, eu sei, já fiz pra Junho e Janeiro. Mas é que
eu também gosto deles dois, não tanto quanto eu gosto
de você, mas gosto, você sabe: junho é festa junina
e eu adoro toda aquela animação, as comidas típicas,
as tradições, sabe que sou ligada nessas coisas, e você
sabe também que dia 24/06 é dia de São João,
e euzinha fazer o mingau já é uma tradição,
como soprar velinhas no 24 que vem. Pare já com esse ciúme.
Ah, tem também o dia dos namorados, oras. E não venha
fazer coro com aqueles que acreditam que o Dia dos Namorados é
apenas mais uma data mercadológica criada pelo capitalismo, tenho
que concordar com eles também, porém não sou do
contra completamente, né Amado? Afinal de contas sou uma adoradora
de clichês, e mesmo dizendo a tradição que o mês
mais romântico é maio (o mês das noivas), prefiro
acreditar que este título pertence a junho.
Sim Novembro, eu adoro Junho, ou você quer que eu minta?... Logo
pra você?...
Janeiro? O que tem janeiro? Já conversamos sobre isso várias
vezes, e eu não gosto de ciúmes, não gosto mesmo.
Janeiro é recomeço, é ele que me leva a sonhar
que um dia a gente vai se encontrar depois de alguns outros meses no
caminho, e que até aqui fiz um monte de coisinhas legal pra te
contar. Ah, e vamos combinar que toda aquela história de Janeiro
(do latim Januarius, de Janus, divindade romana). E que seu nome era
uma homenagem ao deus Janus, filho de Apolo e da ninfa Creusa... É
realmente incrível! E não adianta que daqui a pouco chega
Janeiro novamente e eu vou postar sobre isso pros meus amigos verem
sim!
Ah meu Querido Novembro!! A diferença está aí pra
todo mundo ver, eu amo você. Amo tanto que em Novembro é
quando mais eu escrevo, não sei o que fazes comigo, só
sei dizer que eu saio meio do trilho e gosto de pensar que somos só,
nós dois, entre nossas confidências escritas rapidamente
em qualquer papelzinho pra que elas não se percam. Em alguns
instantes, uns sonetos ao vento...
E a Chuva que você sempre traz? Ééé! Agora
você fica ai, todo sorridente porque sabe o quanto eu adoro a
Sua Chuva, a Chuva de Novembro - EI! E POR FALAR NELA? CADÊ
EIM?... Não se faça de bobo não que não
é só você que pode me fazer cobranças, mas
eu entendo que os homens têm feito tantas coisas ruins e sem pensar
que nem você tem mais autonomia pra chover mansinho no meu telhado,
mas Novembro, eu prometo que sempre falarei para as pessoas sobre o
aquecimento global, juro!
Eu nasci com você me embalando, quase acabando, mas a tempo de
me mostrar as acácias.
Eu perguntei outro dia para minha mãe e ela me contou que quando
chegamos em casa os cachos estavam lá todos abertos, sei que
foi você quem os abriu e todo Novembro é sempre a mesma
coisa. Ela também me contou que em todos esses anos, os galhos
as vezes ficavam pesados demais e meu pai amarrava-os perto da janela
pra que as flores nunca deixem de florir no dia do meu aniversário.
Ah, obrigada! E voce sabia que as flores de Novembro são os crisântemos?
É, eu também não, até ganhar semana passada
um vaso e saber que são Suas Flores, amarelas como as do meu
aniversário.
Hum... Sei... É contar pra eles? Posso mesmo? Olha lá,
eim! Depois não diz que eu não perguntei. Humpf!
Sim, fico vermelha mesmo, e daí? Mas sei que você é
o responsável por todas as minhas grandes paixões, todas
elas! As amorosas e carnais pelo menos! Bem como aquelas maravilhosas
ilusões... Nossa, e os amores que eu tive... Como você
conseguiu trazer-me todos, Novembro? Acho que não você
tem noção disso, ou tem? TODOS os amores que tive na vida
inteirinha (mesmo quando me apaixonei pela primeira vez em 82 quando
o David Bowie apareceu cantando Star Man no fantástico, eu vi
com você Novembro!) Até o Meu Amor, aquele que era pra
não chegar na hora marcada, e não chegou, mas veio com
você... e ainda está aqui. Ai, como você ainda pode
sentir algum ciúme de outro mês bobinho!!?
Eu não só o amo, como gosto de pronunciar teu nome, e
como já falei pra todo mundo, nem precisaria de calendário
pra saber que você está chegando, eu sinto teu cheiro.
Eu sinto Novembro!
Novembro já foi...
Por algumas dessas horas de hoje
Horas finais de novembro
Paradinha em silêncio, penso
Na chuva que caiu
No barulho que ela fez no telhado
E o que ela lavou em mim
E o que de nós ela levou
No vento que embaraçou meus cabelos
E também meus pensamentos
E em tudo que ele trouxe
No seu trajeto Perpendicular ao Sol
Nos Instantes que valeram
E no que aprendi com eles
E no que construí neles
No que farei com os Instantes futuros
Que virão em conseqüência desses
Que foram embora junto com
As chuvas e os ventos
Desse passado Novembro
(Kiara Carrera Guedes)