“Sarney e Waldez usaram funcionário do Senado
durante a campanha”
Brasília, 06/11/2007 - A deputada federal
Janete Capiberibe (PSB/AP) discursou hoje, na Câmara dos Deputados,
sobre o uso do funcionário do Senado Federal Fernando Aurélio
de Azevedo Aquino na campanha do governador Waldez Góes e do
senador José Sarney. Pela legislação eleitoral,
funcionários públicos só podem participar de campanha
política se estiverem licenciados de suas funções.
O funcionário em questão alegou período de férias
para estar nas campanhas de Waldez e Sarney, mas não há
registro de seu afastamento nos boletins administrativos do Senado.
O candidato a vice-governador Joel Cilião, do Partido Republicano
Progressista - PRP, entrou com uma ação acusando-os
do uso do funcionário público. Um agravo de instrumento
no TSE poderá resultar na cassação dos mandatos
de Sarney e de Waldez Góes. O funcionário do Senado assinou
105 ações na Justiça Federal do Amapá em
favor de Sarney e Waldez, principalmente para intimidar jornalistas
e veículos de comunicação que faziam qualquer tipo
de oposição à dupla.
“O cumprimento da legislação eleitoral servirá
para moralizar a política e a vida pública no Amapá,
tão constantemente agredidas por este grupo que se instalou nas
instâncias de poder e é aliado em ações tão
conhecidas quanto desabonadoras”, discursou a deputada Janete
Capiberibe, para pedir que a interpretação da lei eleitoral
condene os dois por uso da máquina e de funcionário público.
Leia abaixo o discurso na íntegra.
Discurso da Deputada Federal Janete Capiberibe em 06/11/2007
Senhor Presidente;
Senhoras e Senhores Parlamentares;
As eleições do ano passado no meu Estado, o Amapá,
foram manchadas por irregularidades. Quem atesta é o Ministério
Público Eleitoral, que denunciou e mandou investigar o Governador
reeleito em 4 ações. Existem três agravos instrumentais
e um recurso ordinário contra o governador do Amapá, Waldez
Góes (PDT), tramitando no Tribunal Superior Eleitoral; dois por
compra de votos, que podem resultar na cassação do mandato.
As campanhas de Waldez Góes para o governo e de José
Sarney para o Senado foram feitas como se fossem uma só. Apesar
disso, as ações movidas pelo Ministério Público
Eleitoral não atingem o Senador Sarney.
Mas um cidadão chamado Joel Cilião, do Partido Republicano
Progressista, candidato a vice-governador, ingressou com uma ação
que envolve o governador reeleito Waldez Góes e o senador José
Sarney numa acusação séria de infração
da Lei Eleitoral, que poderá resultar na cassação
dos mandatos.
Ele denuncia à justiça o caso do funcionário do
Senado Federal Fernando Aurélio de Azevedo Aquino que durante
todo o período eleitoral advogou para Sarney, Waldez e seus aliados
no Amapá.
Ele assinou, segundo comprovantes expedidos pela Justiça Eleitoral
do Amapá, CENTO E CINCO AÇÕES da coligação
PMDB/PDT, de Sarney e Waldez, contra o PSB ou para o cerceamento de
jornalistas ou dos meios de comunicação.
Desta forma, o funcionário do Senado foi uma importante ferramenta
para a campanha do governador Waldez e do senador Sarney.
Na defesa de seu escudeiro, abrigado com sua família no gabinete
do senador Gilvam Borges, Sarney e Waldez alegaram que Fernando Aquino
estaria em gozo de férias. E apresentaram duas certidões.
Na de número 170, de 05 de setembro de 2006, o Chefe do Serviço
de Direitos e Deveres da Secretaria de Recursos Humanos do Senado Federal,
Vivaldo Palma Lima, declara que Fernando Aquino gozou férias
entre 14 de agosto e 12 de setembro de 2006.
Na outra, de número 193, de 11 de outubro de 2006, declara que
Fernando Aquino gozou férias entre 14 de agosto de 2006 e 02
de outubro de 2006.
Curiosamente, os boletins administrativos do Senado não registram
estas movimentações funcionais.
Para justificar os dias 10 e 11 de agosto, não cobertos pelo
período de férias, o senador Geovani Borges - que
assumiu o lugar do irmão Gilvam Borges durante o período
eleitoral - assinou uma declaração dizendo que Aquino
estivera no Amapá para prestar serviços em seu escritório
político.
A serviço do Senado, Aquino cumpria expediente das 7h às
15 horas. Assim, ficava com as tardes livres para advogar para o senador
Sarney e o governador Waldez, já que, no período eleitoral,
as sessões no TRE começam, coincidentemente, às
16h.
Mesmo assim, duas ações assinadas por Aquino ficaram
fora dos períodos “justificados”.
Numa, do dia 07 de agosto de 2006, do Partido Socialista Brasileiro
contra a rádio Antena I, da família do senador Gilvam
Borges, Aquino é advogado dos réus. Noutra, de 08 de junho,
Aquino é o advogado de defesa da TV Tucuju, também da
família Borges.
O juiz do TRE-AP, Luiz Carlos Santos, aceitou as provas da defesa do
senador José Sarney e de Waldez Góes. Entendeu que o trabalho
de Fernando Aquino foi feito em período de férias e fora
do horário de expediente. Por isso, julgou improcedentes os pedidos
articulados na inicial de Joel Cilião.
Mas Cilião ingressou com agravo de instrumento no TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) pedindo a cassação do senador José
Sarney (PMDB) e do governador eleito, Waldez Góes (PDT). O relator
da ação é o ministro Ari Pargendler.
O destino de Sarney e de Waldez Góes, protagonistas da eleição
com maior número de ações movidas pelo Ministério
Público Eleitoral na história do Amapá, está
na interpretação que o TSE dará ao artigo 73 da
Lei 9504/97.
Nós, que fomos diretamente prejudicados pelo uso da máquina
pública nas últimas eleições, aguardamos
com tranqüilidade este julgamento, mas clamamos por justiça.
O cumprimento da legislação eleitoral servirá
para moralizar a política e a vida pública no Amapá,
tão constantemente agredidas por este grupo que se instalou nas
instâncias de poder e é aliado em ações tão
conhecidas quanto desabonadoras.
Peço, Senhor Presidente, a divulgação nos órgãos
de comunicação desta Casa.
Muito Obrigada.
Deputada federal Janete Capiberibe - PSB/AP
Sizan Luis Esberci