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Gilvam
Borges condenou
filho de uma amante
a viver com um salário mínimo
Cimoni Oliveira
Uma
doméstica, negra e analfabeta, que trabalhou na casa da família
Borges em 1996, teve um caso durante três anos com o ex-senador
e empresário Gilvam Borges e dessa relação resultou
um menino que hoje está com seis anos de idade. Ela está
brigando na Justiça para corrigir a pensão alimentícia
de um salário mínimo que o empresário-político
se prontificou a pagar à criança, da qual ele se negou durante
todo esse tempo a assumir a paternidade. Em setembro do ano passado, Maria
Joana Ferreira Barros, 27 anos, procurou a Defensoria Pública do
Estado, entrou com processo de reconhecimento de paternidade e pedido
de pensão alimentícia. O resultado do exame de DNA foi positivo
e no dia 19 de fevereiro deste ano saiu a sentença que obriga Gilvam
a pagar R$ 240 ao filho que tem nome e todas as semelhanças e dessemelhanças
dele. A doméstica acusa o ex-amante de ter agido em cumplicidade
com a Justiça e garante ter sido enganada: - Só porque sou
pobre, negra e analfabeta - fala. Maria Joana afirma com convicção
que quando procurou a Defensoria pediu uma pensão de cinco salários
mínimos, o equivalente a R$ 1.200. Entretanto, o processo enviado
à Vara de Família exigia somente um salário mínimo.
E quando Gilvam Borges foi intimado, aceitou submeter-se ao exame de DNA
e a pagar o valor exigido no processo: - Como é que meu filho vai
viver com um salário mínimo, sendo uma criança doente.
Ele está abaixo do peso e eu não posso trabalhar porque
tenho de cuidar dele e eu não tenho ninguém aqui. Este homem
é um monstro. E ainda tem coragem de ir pra rádio dizer
aquelas orações bonitas e deixa o próprio filho passar
fome - indigna-se Maria Joana. Ela diz que vai entrar na Justiça
com pedido de anulação do processo e vai provar que foi
enganada. Joana também acusa Gilvam Borges de encomendar um registro
falso para o menino. Segundo ela, Gilvam pagou um primo dele para registrar
o garoto em seu nome e o documento foi tirado no município de Santa
Bárbara, no Pará, mas nunca chegou em suas mãos:
- Mas sei que existe porque o próprio Nilson Borges [primo de Gilvam]
me falou desse registro - completa. O menino tem outro registro somente
no nome da mãe, que diz só ter tirado o documento quando
o filho estava com três anos de idade porque o pai nunca quis reconhecê-lo
juridicamente. Então, resolveu registrá-lo sozinha. Este
seria, segundo ela, o motivo das constantes brigas e da separação
definitiva dos amantes, há três anos. Desde então,
Gilvam Borges deixou de dar-lhes assistência financeira e nem sequer
recebia a ex-amante e o filho. Era sempre representado pelos irmãos,
que todas as vezes prometiam ajuda em nome do ex-senador, mas a promessa
nunca foi cumprida: - Ele sempre me enrolava, só conseguia falar
com ele pelo telefone. Cheguei a pedir dez reais para comprar comida ao
filho dele e ele não deu. É um homem sem coração
e ainda quer se mostrar de exemplo como político. Se ele não
cuida do próprio filho, como é que vai cuidar dos filhos
da população a quem pede voto? Quero que todos saibam quem
é o Gilvam Borges.
Promessas nunca cumpridas
Na
semana passada, depois que a doméstica soube do resultado da sentença,
procurou o ex-companheiro e ameaçou fazer um escândalo na
imprensa caso ele não revisse o valor da pensão. Conta que
ele prometeu ajudá-la em troca dela ficar de boca fechada. No outro
dia, Joana afirma que o irmão do ex-senador, Dalto Borges, a procurou
em nome de Gilvam e disse que na terça-feira, dia 9 último,
ela deveria estar no Fórum para uma audiência, onde seria
feito um acordo. Dalto também levou uma bicicleta de agrado ao
sobrinho. No dia e hora marcados, Joana estava no Fórum junto com
o filho e para seu desespero não havia nenhuma audiência:
- O Gilvam estava lá, mas era tudo mentira. Assinei um papel que
não sei o que é, e ele disse na minha cara que eu não
teria nada de cinco salários mínimos. Fui enganada mais
uma vez. Meu filho pediu dinheiro pra ele, mas não deu a mínima.
O menino diz que pediu R$ 100 do pai para comprar sua merenda. Com o dinheiro
gastaria R$ 1 por dia e teria merenda por muito tempo: - É muito
dinheiro e ia durar um tempão. Mas o meu pai disse que resolveria
na saída. Ele foi embora e não resolveu nada. O sonho dele
é ter um videogame. A brincadeira predileta do filho do ex-senador
Gilvam Borges é jogar videogame e na sua cabeça de menino
pobre povoa o sonho de ter um aparelho para brincar todos os dias: - Também
quero um computador para jogar - fala com brilho nos olhos. Será
que o pequeno garoto imagina que seus sonhos estão ao alcance das
mãos do pai? A idéia que se tem na cidade sobre a situação
financeira de Gilvam Borges é que ele é um homem de muitas
posses. Foi deputado federal e senador da República e é
dono de uma rede de comunicação de rádio e TV. Todavia,
ele condenou o filho a viver com R$ 240.
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Matinta-perêra
Mulher velha que percorre distâncias à noite. Se afasta
se alguém disser que lhe dará um pedaço de rolo de
fumo. De manha ela vai buscar.
Cuíra
Diz-se de inquieto, ansioso,impaciente. Daquele que não agüenta
a espera de alguma coisa que vai acontecer
Titica
Cipó muito usado para a fabricação de móveis.
Chegou à beira da extinção.
Perau
Lugar perigoso do rio. Parte mais funda, onde o rio "não
dá pé".
Timbó
Um tipo de veneno usado para matar peixes. Bate-se a planta na água,
e o veneno se espalha. sem contrôle, mata.
Catinga de mulata
Catinga é cheiro ruim, mas "Catinga de mulata"é
cheiro bom, tanto que virou nome de perfume nos idos dos anos cinquenta
Remanso
Ponto onde o rio se alarga, a terra forma uma reentrância e
as águas ficam mais calmas
Bubuia
Aquelas minúsculas bolhas de espuma que se formam na corrente do
rio. Viajar de bubuia é ser levado pelas águas. "De
bubuia, título de canção popular.
Piracema
Época em que cardumes de peixes sobem os rios para a desova
Pedra do rio
Diz a lenda que que são as lágrimas de uma índia
que chorava a perda do amado. É onde está a íagem
de São José, na frente de Macapá.
Macapá
Vem de Macapaba, ou "estância das bacabas".
Bacaba
Fruto de uma palmeira, a bacabeira. O fruto produz um vinho grosso parecido
com o o açai.
Curumim
Menino na linguagem dos índios, expressão adotada pelos
brancos em alguns lugares.
Jurupary
O demônio da floresta tem os olhos de fogo, e quem o vê, de
frente, não volta para contar a história.
Yara
É a mãe d'água. Habita os rios, encanta com a suavidade
da voz, e leva pessoas para o castelo onde mora, no fundo do rio.
Pitiú
Cheiro forte de peixe, boto, cobra, jacaré e
outros animais.
Ilharga
Perto ou em volta de alguma coisa
Jacaré Açu
Jacaré grande.
Jacaré Tinga
Jacaré pequeno
Panema
Pessoa sem sorte, azarada. Rio em peixe.
Sumano
Simplificação da expressão"ei seu mano",que
é usada por quem passa pelo meio do rio para saudar quem se encontra
nas margens
Caruana
Espíritos do bem que habitam as águas e protegem as plantas
os homens e os animais.
Inhaca
Cheiro forte de maresia, de axilas de homem, de peixe ou de mulher
Tucuju
Nação indígena que habitava a margem esquerda do
rio Amazonas, no local onde hoje está localizada a cidade de Macapá.
Montaria
Identifica tanto o cavalo como a canoa pequena, de remo.
Porrudo
Grande, enorme, muito forte ou muito gordo
Boiúna.
Cobra grande, capaz de engolir uma canoa.(Lenda)
Massaranduba
Madeira de lei, pessoa grosseira, mal educada.
Acapu
Madeira preta, gente grossa mal educada. |
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