|
|
Um
fiel defensor dos benefícios dos deputados
O GLOBO
Gerson Camarotti
BRASÍLIA E RECIFE Em seu terceiro mandato de deputado federal,
o novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), ganhou
espaço no Congresso pela defesa intransigente dos interesses do
chamado baixo clero, como o aumento dos subsídios e vantagens financeiras
para os parlamentares. Com essa plataforma, conseguiu ocupar por oito
anos cargos na Mesa Diretora. De perfil conservador e católico
fervoroso, também ganhou destaque por posições polêmicas.
É publicamente contra propostas como a união civil entre
pessoas do mesmo sexo, legalização do aborto, pesquisas
com célula-tronco e reforma política.
Na Câmara, ganhou o apelido de "presidente do sindicato dos
deputados", pela disposição com que briga por questões
ligadas aos parlamentares. Sem se preocupar com a reação
da opinião pública, lutou pela aprovação de
um aumento de 15% nos subsídios dos deputados em 2004. Mas não
teve sucesso.
No fim do ano passado, numa reunião da Mesa, chegou a levantar
a voz para o então presidente da Casa, João Paulo Cunha
(PT-SP), por não ter cumprido o acordo de aumentar a verba indenizatória
de R$ 12 mil para R$ 18 mil e da verba de gabinete de R$ 25 mil para R$
45 mil. Após o puxão de orelha, João Paulo aceitou
aumentar a verba indenizatória para R$ 15 mil e enviou um projeto
de resolução para que a verba de gabinete passe de R$ 25
mil para R$ 35 mil, que deverá ser aprovada agora, nos primeiros
dias da gestão Severino.
— Você tem que honrar o compromisso feito conosco. Isso é
traição! — esbravejou Severino na reunião,
para espanto de João Paulo.
Perseguição a Dom Hélder
Mas essa não é a única faceta polêmica do
novo presidente da Câmara. Durante a ditadura, foi um dos maiores
opositores do então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder
Câmara, da ala progressista da Igreja Católica. Com mandato
de deputado estadual, usava a tribuna para fazer críticas e para
pregar o afastamento de Dom Hélder, a quem chamava na época
de "bispo vermelho". Severino foi mais longe e pediu a expulsão
do padre italiano Vito Miracapillo. O sacerdote, que vivia no Brasil desde
1975, foi expulso porque, em setembro de 1980, recusou-se a celebrar uma
missa pela Independência do Brasil, em Ribeirão (PE), alegando
que não acreditava que o povo brasileiro fosse independente.
O padre foi denunciado por Severino ao ministro da Justiça, Ibrahim
Abi-Ackel. Em 15 de outubro de 1980, o então presidente, o general
João Baptista Figueiredo, assinou a expulsão, usando como
fundamento legal o recém-aprovado Estatuto do Estrangeiro (a lei
6.815). Há cinco anos, em entrevista ao "Jornal do Commercio"
(PE), Severino disse que não se arrependia de seu gesto:
— Voltaria a fazer a mesma coisa porque ele estava desagregando
a sociedade de Ribeirão. A prova disto é que eu tive a maior
votação da história da cidade. O segundo deputado
mais votado teve metade do que eu tive. Isto é uma consagração.
Severino começou a aparecer na mídia nacional em 1996,
quando iniciou uma cruzada contra o projeto da então deputada Marta
Suplicy (PT-SP) que previa a união civil de homossexuais. Acabou
ganhando o apoio das bancadas católica e evangélica. A repercussão
foi tamanha, que ganhou um convite do Vaticano para participar de um evento
em Roma, com o Papa João Paulo II. A foto em que ele aparece ao
lado do Papa tem lugar de destaque em seu gabinete.
Deputados e amigos de Severino afirmam que ele não enriqueceu
na política. A mobília de sua residência é
simples e sem luxo. Em Brasília, seu apartamento virou uma espécie
de hospedaria de prefeitos e cabos-eleitorais pernambucanos, que precisam
viajar para a capital para resolver problemas políticos.
Em semanas agitadas, seu apartamento chega a abrigar 20 pessoas, que
dormem em colchões. Ele vive se queixando de dificuldades financeiras.
Mas sempre é premiado com viagens em missões oficiais. Numa
delas, seu estilo folclórico ganhou novos ingredientes: estava
em Nova York no fatídico 11 de setembro de 2001 e ficou desaparecido
por dois dias. Hospedado num hotel próximo ao World Trade Center,
Severino, que não fala inglês, só conseguiu perceber
a gravidade da situação quando agentes do FBI invadiram
o hotel para fazer uma varredura. Sem poder deixar o quarto, com o sistema
de telefonia interrompido e poucas informações, Severino,
que estava acompanhado da mulher, Amélia, chegou a pensar que morreria
queimado, quando viu a fumaça que saia do World Trade Center tomar
conta das ruas.
— Sou católico, mas infelizmente vi o inferno de perto —
disse o deputado na ocasião.
Aos 74 anos, Severino já está há quatro décadas
na vida pública, com mandatos eletivos desde 1964, quando se elegeu
prefeito da cidade de João Alfredo, pela UDN. Foi deputado estadual
por 28 anos. Passou pela Arena e PDS, partidos que davam sustentação
ao regime militar nos anos 70 e 80. Na Câmara, já foi corregedor
da Casa em 1997, quando apurou a denúncia de que deputados do Acre
receberam dinheiro para aprovar a emenda da reeleição.
Filha substituiu filho em disputa
Em 2002, o deputado tentou lançar o seu filho, Severino Cavalcanti
Júnior, para uma cadeira na Assembléia Legislativa de Pernambuco.
A campanha mal havia começado e o rapaz sofreu um acidente de carro
e morreu logo em seguida no município de Arcoverde, sertão
pernambucano no final da tarde. Por volta das 17h foi dado como morto.
Menos de 24 horas depois, o deputado reuniu o seu grupo político
em um ruidoso almoço na Churrascaria Laçador, na praia de
Boa Viagem e lançou Ana Cavalcanti, sua filha, para disputar o
mandato que o filho não pudera disputar.
Severino temia que os outros concorrentes à Assembléia
Legislativa aproveitassem sua debilidade emocional e o vácuo aberto
com a morte do filho para invadir suas bases eleitorais, a maior parte
entre o Agreste e o sertão. Neófita em política,
Ana elegeu-se para a Assembléia, tomou gosto pela atividade e,
no ano passado, compôs como vice a chapa encabeçada pelo
deputado Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) na disputa pela prefeitura do Recife.
O nome de Ana foi uma imposição do pai, que prometeu em
troca os votos do PP. Não adiantou e Cadoca perdeu a eleição
para a prefeitura.
COLABOROU: Letícia Lins
|
|
 |
Matinta-perêra
Mulher velha que percorre distâncias à noite. Se afasta
se alguém disser que lhe dará um pedaço de rolo de
fumo. De manha ela vai buscar.
Cuíra
Diz-se de inquieto, ansioso,impaciente. Daquele que não agüenta
a espera de alguma coisa que vai acontecer
Titica
Cipó muito usado para a fabricação de móveis.
Chegou à beira da extinção.
Perau
Lugar perigoso do rio. Parte mais funda, onde o rio "não
dá pé".
Timbó
Um tipo de veneno usado para matar peixes. Bate-se a planta na água,
e o veneno se espalha. sem contrôle, mata.
Catinga de mulata
Catinga é cheiro ruim, mas "Catinga de mulata"é
cheiro bom, tanto que virou nome de perfume nos idos dos anos cinquenta
Remanso
Ponto onde o rio se alarga, a terra forma uma reentrância e
as águas ficam mais calmas
Bubuia
Aquelas minúsculas bolhas de espuma que se formam na corrente do
rio. Viajar de bubuia é ser levado pelas águas. "De
bubuia, título de canção popular.
Piracema
Época em que cardumes de peixes sobem os rios para a desova
Pedra do rio
Diz a lenda que que são as lágrimas de uma índia
que chorava a perda do amado. É onde está a íagem
de São José, na frente de Macapá.
Macapá
Vem de Macapaba, ou "estância das bacabas".
Bacaba
Fruto de uma palmeira, a bacabeira. O fruto produz um vinho grosso parecido
com o o açai.
Curumim
Menino na linguagem dos índios, expressão adotada pelos
brancos em alguns lugares.
Jurupary
O demônio da floresta tem os olhos de fogo, e quem o vê, de
frente, não volta para contar a história.
Yara
É a mãe d'água. Habita os rios, encanta com a suavidade
da voz, e leva pessoas para o castelo onde mora, no fundo do rio.
Pitiú
Cheiro forte de peixe, boto, cobra, jacaré e
outros animais.
Ilharga
Perto ou em volta de alguma coisa
Jacaré Açu
Jacaré grande.
Jacaré Tinga
Jacaré pequeno
Panema
Pessoa sem sorte, azarada. Rio em peixe.
Sumano
Simplificação da expressão"ei seu mano",que
é usada por quem passa pelo meio do rio para saudar quem se encontra
nas margens
Caruana
Espíritos do bem que habitam as águas e protegem as plantas
os homens e os animais.
Inhaca
Cheiro forte de maresia, de axilas de homem, de peixe ou de mulher
Tucuju
Nação indígena que habitava a margem esquerda do
rio Amazonas, no local onde hoje está localizada a cidade de Macapá.
Montaria
Identifica tanto o cavalo como a canoa pequena, de remo.
Porrudo
Grande, enorme, muito forte ou muito gordo
Boiúna.
Cobra grande, capaz de engolir uma canoa.(Lenda)
Massaranduba
Madeira de lei, pessoa grosseira, mal educada.
Acapu
Madeira preta, gente grossa mal educada. |
|
|