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Dalva
fala da emoção na
abertura dos Jogos Indígenas
O discurso da governadora do Amapá, Dalva Figueiredo, na Abertura
dos VIII Jogos Indígenas - Aldeia do Manga, município
de Oiapoque foi assim.
"Em
abril, quando o Capiberibe deixou o Governo, eu participei do encontro
e ele disse que, a partir daquela data, os brancos teriam uma nova cacique
e que, no próximo encontro com as lideranças indígenas,
seria uma cacique de saia. A cacique não tem o hábito de
usar saia, usa mais calça comprida. Mas sei que ele tinha e tem
um grande respeito de vocês. E eu me esforcei muito para ter esse
mesmo respeito e amizade. Então, minha responsabilidade foi muito
grande...
Desde a eleição
que eu não me emocionava, hoje eu me emocionei... Bom, vou tentar
falar...
Sabe por
que estou emocionada? Porque eu tive uma linda votação que
me dá uma enorme responsabilidade. Responsabilidade de quem conhece
profundamente o esforço que vocês fazem e a necessidade de
organização que é fundamental. Organização
e dedicação. Dedicação para que continuem
alcançando as vitórias que vocês conquistaram.
Sei que falta
muita coisa ainda. E o cacique Luciano, eu sempre brincava com ele dizendo:
“o senhor está sempre bravo, mas um dia o senhor vai sorrir”.
É que ele estava sempre reivindicando energia elétrica para
a sua aldeia. Hoje, porém, ele comemora a chegada desse benefício,
assim como em breve outras aldeias também vão poder comemorar
a energia elétrica que já tem, mas precisa de mais horas.
Nós conseguimos também recursos para a compra de óleo,
afim de que as aldeias pudessem ter essa melhoria.
Outra vitória
linda foi à implantação do ensino de 2º Grau.
Eu sei que este ano novos alunos estarão prestando o Vestibular.
E que no ano passado foi difícil se deslocar até a capital
para se alojar e fazer as provas. Este ano - tive uma conversa com
a secretária de Educação -, quem sabe a Universidade
do Amapá não vem aplicar as provas aqui, não é?
Eu sei que tem gente que gosta de ir para Macapá, mas seria muito
melhor a Universidade vir fazer a aplicação das provas nas
aldeias. Mas, nós vamos ver como é que podemos ajudar para
que vocês possam fazer as provas aqui mesmo em Oiapoque. Há
tantos anos vocês não conseguiram mandar os alunos prestar
o Vestibular na capital. Quem sabe, daqui mais uns anos, vocês possam
ter aqui a Universidade. Portanto, isso são conquistas, vitórias,
mas, são, sobretudo, direitos que nem todo mundo ou governo reconhece.
O nível de conscientização e organização
que os povos indígenas conquistaram não há mais a
menor possibilidade de retrocesso. De forma que as olimpíadas terão
prosseguimento, sim, uma vez que vocês não vão permitir
mais que elas não se realizem.
A descentralização
de recursos não vai mais parar, porque vocês a conquistaram,
tanto as ações indígenas quanto as não-indígenas,
por se tratar da aplicação de políticas públicas.
A razão dessas conquistas é que nos esforçamos também
em conjunto. Assim, eu queria aqui de público agradecer aos que
confiaram nas propostas da governadora Dalva, como também aos outros
que participaram de mais esse momento democrático e que o povo
do Amapá fez a sua opção.
Cacique Luciano,
cacique Paulo... todos os demais caciques das outras aldeias, meu muito
obrigado!
O povo Karipuna
hoje recebe os Galibi-Marworno, os Palikur, os Galibi do Oiapoque, numa
grande confraternização que gerem momentos tão importantes
para as populações do nosso Estado, tanto as indígenas
quanto as não-indígenas. Eu devo voltar, sim, cacique Luciano,
dia 24, para o encerramento dos Jogos.
E mesmo sem
mandato, o que eu puder fazer, eu vou estar sempre à disposição
das populações indígenas do nosso e também
dos outros Estados.
Com mandato
ou sem mandato, é sempre possível fazer alguma coisa. Nós
elegemos o presidente da República, assim como vários senadores,
entre eles o Capiberibe que tem um profundo respeito pela população
indígena. Nós elegemos dois deputados federais do PT, o
PSB elegeu outro e também os demais partidos que, com certeza,
nós vamos conseguir vitórias importantes para o povo do
Amapá e à população indígena.
Eu não
posso sair daqui - eu falei ao cacique Estácio agora a pouco
- sem fazer menção há um episódio desagradável,
que aconteceu durante a campanha eleitora. Nós temos um procurador
federal lá no Amapá, que disse que eu fiz convênio
com vocês e que era dinheiro demais para pouco índio. Esse
tipo de pessoa é que representa o lado nefasto da nossa população.
É por conta de pensamentos preconceituosos como esse que, não
só a cultura, mas civilizações inteiras foram dizimadas.
Vocês sabem que a Associação dos Povos Indígenas
do Oiapoque (Apio) tem um convênio chamado “Ponte entre os
povos”, para a gravação de três CDs que vão
resgatar a música indígena do Amapá, num trabalho
pedagógico com distribuição das obras nas comunidades
e nas escolas públicas do Estado. E ele (o procurador) deu essa
declaração infeliz, dizendo que eu estava usando dinheiro
indevidamente. Eu disse que, infelizmente, não tive o prazer de
assinar esse convênio, porque quem assinou foi o Capiberibe, e só
passei o dinheiro. Mas, no dia que eu puder assinarei todos os convênios
de valorização à cultura indígena, à
cultura negra, à cultura do povo amapaense. Vocês podem ter
certeza disso, porque é muito pouco para a dívida que esse
País tem com a população indígena. E eu tenho
certeza que nós fizemos e vamos continuar fazendo por vocês.
Eu quero
um dia voltar aqui e participar da primeira formatura dos alunos de curso
superior que estarão saindo da Universidade Federal do Amapá.
Quero voltar aqui na festa de colação de grau e ouvir, de
uma menina ou menino, dizer: “eu - que sou Karipuna ou que
sou Palikur - estou colando grau no curso de nível superior
e vou voltar à minha aldeia para ajudar o nosso povo”. Essa,
a nossa maior vitória, o nosso maior patrimônio, por isso
a minha emoção.
As derrotas
são normais nas nossas vidas. E podemos ganhar nas derrotas, como
podemos também perder nas vitórias - é preciso
que se saiba disso.
Eu saio daqui
com uma responsabilidade enorme com os votos que tive das comunidades
indígenas. Uma responsabilidade que, mesmo sem mandato, eu vou
honrar, vamos estar sempre juntos.
Tenho certeza
que o governador eleito, Waldez Góes, que conheço há
muitos anos, vai ter sensibilidade para dar continuidade aos projetos
que contemplam as populações indígenas. E a hora
que vocês precisarem de uma companheira é só me chamar,
que eu vou estar aqui.
Portanto,
todos os caciques aqui presentes e os povos de todas as aldeias indígenas,
declaro aberto os VIII Jogos Indígenas do Amapá.
Sejam bem
vindos!
Bons jogos,
boa confraternização e um beijo no coração
de todos vocês!
Aroldo Pedrosa
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Catinga
de mulata
Catinga é cheiro ruim, mas "Catinga de mulata"é
cheiro bom, tanto que virou nome de perfume nos idos dos anos cinquenta
Remanso
Ponto onde o rio se alarga, a terra forma uma reentrância e
as águas ficam mais calmas
Bubuia
Aquelas minúsculas bolhas de espuma que se formam na corrente do
rio. Viajar de bubuia é ser levado pelas águas. "De
bubuia, título de canção popular.
Piracema
Época em que cardumes de peixes sobem os rios para a desova
Pedra do rio
Diz a lenda que que são as lágrimas de uma índia
que chorava a perda do amado. É onde está a íagem
de São José, na frente de Macapá.
Macapá
Vem de Macapaba, ou "estância das bacabas".
Bacaba
Fruto de uma palmeira, a bacabeira. O fruto produz um vinho grosso parecido
com o o açai.
Curumim
Menino na linguagem dos índios, expressão adotada pelos
brancos em alguns lugares.
Jurupary
O demônio da floresta tem os olhos de fogo, e quem o vê, de
frente, não volta para contar a história.
Yara
É a mãe d'água. Habita os rios, encanta com a suavidade
da voz, e leva pessoas para o castelo onde mora, no fundo do rio.
Pitiú
Cheiro forte de peixe, boto, cobra, jacaré e
outros animais.
Ilharga
Perto ou em volta de alguma coisa
Jacaré Açu
Jacaré grande.
Jacaré Tinga
Jacaré pequeno
Panema
Pessoa sem sorte, azarada. Rio em peixe.
Sumano
Simplificação da expressão"ei seu mano",que
é usada por quem passa pelo meio do rio para saudar quem se encontra
nas margens
Caruana
Espíritos do bem que habitam as águas e protegem as plantas
os homens e os animais.
Inhaca
Cheiro forte de maresia, de axilas de homem, de peixe ou de mulher
Tucuju
Nação indígena que habitava a margem esquerda do
rio Amazonas, no local onde hoje está localizada a cidade de Macapá.
Montaria
Identifica tanto o cavalo como a canoa pequena, de remo.
Porrudo
Grande, enorme, muito forte ou muito gordo
Boiúna.
Cobra grande, capaz de engolir uma canoa.(Lenda)
Massaranduba
Madeira de lei, pessoa grosseira, mal educada.
Acapu
Madeira preta, gente grossa mal educada. |
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